Dom Bosco

''Que os jovens não sejam amados, mas que eles próprios saibam que são amados... Que, sendo amados nas coisas que lhe agradam, aprendam a ver o amor nas coisas que naturalmente pouco lhe agradam...'' (Dom Bosco)

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dia de Dom Bosco: a história e o legado do fundador da Congregação Salesiana

Nasceu perto de Turim, na Itália, em 1815. Muito cedo conheceu o que significava a palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas 2 anos. Sofreu incompreensões por causa de um irmão muito violento que teve. Dom Bosco quis ser sacerdote, mas sua mãe o alertava: “Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo, porque nasci na pobreza e quero morrer nela”.

Logo, Dom Bosco foi crescendo diante do testemunho de sua mãe Margarida, uma mulher de oração e discernimento. Ele teve que sair muito cedo de casa, mas aquele seu desejo de ser padre o acompanhou. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação sacerdotal. Um homem carismático, Dom Bosco sofreu. Desde cedo, ele foi visitado por sonhos proféticos que só vieram a se realizar ao longo dos anos. Um homem sensível, de caridade com os jovens, se fez tudo para todos. Dom Bosco foi ao encontro da necessidade e da realidade daqueles jovens que não tinham onde viver, necessitavam de uma nova evangelização, de acolhimento. Um sacerdote corajoso, mas muito incompreendido. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.

Dom Bosco, criador dos oratórios. Catequeses e orientações profissionais foram surgindo para os jovens. Enfim, Dom Bosco era um homem voltado para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente, dos jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos citado na liturgia de hoje. São João Bosco foi modelo, mas também soube observar tantos outros exemplos. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão. Isso que Dom Bosco foi também para aqueles jovens e para muitos, inclusive aqueles que não o compreendiam.

Para a Igreja e para todos nós, é um grande intercessor, porque viveu a intimidade com Nosso Senhor. Homem orante, de um trabalho santificado, em tudo viveu a inspiração de Deus. Deixou uma grande família, um grande exemplo de como viver na graça, fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em 31 de janeiro de 1888, tendo se desgastado por amor a Deus e pela salvação das almas, ele partiu. Mas está conosco no seu testemunho e na sua intercessão.

São João Bosco, rogai por nós!

Hoje 31/01- O Reitor-Mor presidirá amanhã de tarde, na Basílica de Maria Auxiliadora, a Eucaristia, que será transmitida ao vivo 'satelitar' por Telepace e em ‘streaming web’ por www.missionidonbosco.tv e www.sdb.org (18h20min GMT+1). Em tal circunstância o P. Chávez dirigirá aos Jovens a sua tradicional mensagem.

Estreia do Reito - Mor 2012

A necessidade de convocar

O Reitor Mor

Conhecendo e imitando Dom Bosco,
façamos dos jovens a missão da nossa vida

Estreia 2012

Tradução: Dom Hilário Moser

Comentário do Reitor-Mor

“Eu sou o Bom Pastor.
O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)

Caríssimos Irmãos
Filhas de Maria Auxiliadora
Todos os Membros da Família Salesiana
Jovens

Iniciamos há pouco o triênio de preparação para o bicentenário do nascimento de Dom Bosco. Este primeiro ano nos oferece a oportunidade de nos achegarmos mais a ele a fim de conhecê-lo melhor e mais de perto. Se não conhecermos Dom Bosco e não o estudarmos, não poderemos compreender seu caminho espiritual e suas opções pastorais; não poderemos amá-lo, imitá-lo e invocá-lo; em particular, será difícil hoje inculturar seu carisma nos diversos contextos e nas diferentes situações. Somente reforçando nossa identidade carismática poderemos oferecer à Igreja e à sociedade um serviço aos jovens que seja significativo e abundante de frutos. Nossa identidade encontra sua referência imediata na figura de Dom Bosco; nele, a identidade se torna crível e visível. Por isso, o primeiro passo que somos convidados a dar no triênio de preparação é precisamente o conhecimento da história de Dom Bosco.
1) Conhecimento de Dom Bosco e dedicação aos jovens
2) Redescobrir a história de Dom Bosco
3) Motivações para o estudo da história de Dom Bosco
4) Função atualizadora da história
5) Mais de 100 anos de historiografia “a serviço do carisma”
6) Rumo a uma leitura hermenêutica da história salesiana
7) Qual a imagem de Dom Bosco hoje?
1. Evolução das obras e dos destinatários
2. Juventude abandonada
3. Resposta às necessidades dos jovens
4. Flexibilidade de resposta às necessidades
5. Pobreza de vida e trabalho incansável
8) Sugestões para a concretização da estreia
1. A caridade pastoral
2. Viver na missão
3. Finalidades da família salesiana
4. Empenho com e para os jovens
5. As perguntas de Dom Bosco
6. As respostas de Dom Bosco
7. As memórias do oratório de São Francisco de Sales
9) Conclusão


“O menino do sonho”
Nessa idade tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida. Pareceu-me estar perto de casa, numa área bastante espaçosa, onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar. Nesse momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e assustado repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar. Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
- Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
- Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultice.
- Mas quem sois vós que assim falais?
- Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
- Pergunta-o a minha mãe.
Nesse momento vi a seu lado uma senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto todo resplandecente, como se cada uma de suas partes fosse fulgidíssima estrela. Percebendo-me cada vez mais confuso em minhas perguntas e respostas, acenou para que me aproximasse e, tomando-me com bondade pela mão, disse:
- Olha.
Vi então que todos os meninos haviam fugido, e em lugar deles estava uma multidão de cabritos, cães, gatos, ursos e outros animais.
- Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês acontecer a esses animais, deves fazê-lo aos meus filhos.
Tornei então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeirinhos que, saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a fazer-lhes festa.
Neste ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora descansou a mão em minha cabeça, dizendo:
- A seu tempo tudo compreenderás.
Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu. Fiquei transtornado. Parecia-me ter as mãos doloridas pelos socos que desferira e doer-me o rosto pelos tapas recebidos; além disso, aquele personagem, a senhora, as coisas ditas e ouvidas de tal modo me encheram a cabeça que naquela noite não pude mais conciliar o sono”.
(Memórias do Oratório de São Francisco de Sales. Texto crítico aos cuidados de Antônio da Silva Ferreira, 3ª. Edição. São Paulo, Editora Salesiana, 2005, p. 28-30).

Dom Bosco escreve nas Memórias do Oratório que aquele sonho “ficou profundamente impresso na sua mente por toda a vida”, de tal modo que hoje nós podemos dizer que ele viveu para transformar aquele sonho em realidade.
Pois bem, o que nosso querido Pai tomou como programa de vida, fazendo dos jovens a razão de ser de sua existência e gastando por eles todas as suas forças até o último respiro, é o que todos nós somos chamados a fazer.
O episódio final, que desta vez tomo da história, ilustra eloquentemente o desejo de Dom Bosco de ser para os jovens um sinal de amor que jamais acabará. Ouvi-o contar a primeira vez por parte de um irmão da Inspetoria da Austrália, padre Lawrie Moate, num discurso de felicitações pronunciado por ocasião de uma celebração de jubileus de vida salesiana, em Lysterfield, em 9 de julho de 2011:
“E a nossa música continua”
“Imaginem o pátio da prisão de uma colônia europeia do século XVII. É o amanhecer e, enquanto o sol começa a encher de cores douradas o céu do oriente, um prisioneiro é trazido para fora, no pátio, para a execução capital. Trata-se de um padre condenado à morte por se ter oposto às crueldades com que eram tratados os índios da colônia. Agora está de pé de costas contra o muro e contempla os que compõem o pelotão de execução, seus compatriotas. Antes de vendar-lhe os olhos, o oficial que comanda o pelotão lhe faz a tradicional pergunta a respeito do seu último desejo a ser cumprido. A resposta chega como uma surpresa para todos: o homem pede para tocar pela última vez a sua flauta. Os soldados, então, recebem ordem de ficar em posição de descanso, enquanto esperam que o prisioneiro toque a sua flauta. Quando as notas começam a ferir o ar silencioso da manhã, o ambiente da prisão é inundado por uma música que se difunde doce e encantadora, enchendo de paz aquele lugar marcado diariamente pela violência e pela tristeza. O oficial está preocupado porque, quanto mais se prolonga a música, tanto mais absurda lhe parece a tarefa que deve desempenhar. Por isso, ordena aos soldados que abram fogo. O padre morre no mesmo instante, mas, para estupor de todos os presentes, apesar da morte, a música continua a sua dança da vida. Donde provém aquela doce música da vida?
Numa sociedade totalmente empenhada em sufocar a mensagem de Cristo, penso que a nossa vocação seja a de estarmos entre aqueles que continuam a fazer ouvir a música da vida. Num mundo que está fazendo de tudo para que os jovens não escutem o insistente convite de Cristo “vinde e vede”, é nosso privilégio sermos atraídos por Dom Bosco e encorajados a tocar a música do coração, a testemunhar a transcendência, a exercer a paternidade espiritual, a estimular os jovens a caminharem numa direção que corresponde à sua dignidade e aos seus desejos mais autênticos. Esta é a dança do Espírito! Esta é a música de Deus!
Caríssimos irmãos, irmãs, membros da Família Salesiana, amigos de Dom Bosco, jovens, desejo a todos um ano-novo de 2012 cheio das bênçãos de Deus e um renovado empenho para continuar a fazer ouvir a música, a nossa música, a que enche de sentido a vida dos jovens e os faz encontrar a fonte da alegria.
A todos um abraço e minha lembrança no Senhor.

Roma, 31 de dezembro de 2011
Padre Pascual Chávez Villanueva
Reitor-Mor